Monday, October 20, 2008

Tempestade de 18 de Outubro de 2008

Para aqueles a quem esta terrivelmente bela tempestade de 18 deste mês passou ao lado, gostava de partilhar a minha memorável experiência. Andava eu à cata de aventura e aventura tive eu. Ou melhor, tivemos nós.

Fiz 19 anos no dia 13 de Outubro e, pela primeira vez em 7 anos, decidi voltar a fazer uma festa oficial em que convidei os meus amigos para um belo serão de divertimento. Mal sabia eu que no mesmo dia em que planeara celebrar o meu aniversário, uma tempestade jamais prevista iria virar Lisboa do avesso. Somando a isto, parece que a tão poderosa tempestade foi bastante localizada, concentrando toda a sua ira e magnitude na zona de Sete Rios e Praça de Espanha. Ora eu, sempre fiel ao meu querido Jardim Zoológico, achei que seria engraçado se a celebração lá ocorresse...

A manhã aparentava uma quietude e serenidade pouco valorizadas. Mal se notava a menor brisa e um calor abrasador procurava dizer-nos que o dia estava belo demais, quando tinha sido prevista chuva miudinha para a parte da tarde.

A catástrofe rompeu sem darmos por isso. Numa questão de minutos, grandes aglomerados de nuvens negras cobriram toda a área do Jardim. Começou a cair uma chuva significativa e a minha decisão e dos meus camaradas convidados foi a de correr para casa de banho que se encontrava ali perto. A chuva parou. Pronto, já passou a chuva miudinha, presumi eu na minha negligência e ansiedade de festa. Ordenei que prosseguissemos a nossa marcha, mas, assim que nos colocámos a caminho, uma forte chuvada começou a cair sobre nós. A chuva era grossa e caía com uma agressividade e continuidade de pasmar. Uns correram para uma porta fechada e encolheram-se todos por baixo da ombreira, outros esconderam-se por baixo de folhas de palmeiras e outros ainda começaram a correr em círculos sem saber o que fazer (eu insiro-me neste último grupo).

Felizmente, deram-nos abrigo nos bastidores das aves e lá recuperámos parte do fôlego perdido, enquanto decidíamos o que iríamos fazer. Após alguns minutos, e apesar do descontentamento gerado por alguns, achámos que o melhor seria utilizar uma cobertura de plástico poeirenta e com algumas teias de aranha, que encontrámos num canto daquela humilde barraca, que pingava litros de água por aquele tecto (pobres bichos). O plano era estúpido, mas a verdade, é que ninguém tinha a verdadeira noção do quão violenta estava aquela tempestade que assombrava toda aquela zona.

Quando saímos dos bastidores com as pessoas mais altas a segurarem as pontas do plástico sobre o conjunto de 7 pessoas que se concentrava no centro a pingar de medo, percebemos que a chuva era mais forte que aquilo que podíamos suportar. Começámos a desistir progressivamente. Uns começaram a correr, adiantando-se no caminho e motivando outros elementos do grupo a abandonarem aquela arca de Noé cheia de buracos. O grupo dividiu-se em 3 e, após outros detalhes controversos por entre as pedras de granizo consideravelmente grandes que começaram a cair, o gupo reuniu-se todo no interior da casa de madeira da Foto-Zoo à saída do Jardim.

Lá, estavamos em pânico. Um pânico sempre com um cariz cómico porque toda aquela situação era deveras surreal. Enquanto uns espremiam as roupas, outros mantinham os braços afastados do corpo e as pernas abertas para não sentirem o gelo que os abraçava. Após discussões e gritos controlados, o melhor que achámos fazer foi abandonar aquele local, pois cada vez mais se formava um enorme rio em torno da casa. Os esgotos estavam entupidos e era apenas uma questão de tempo para a água nos alcançar os joelhos. Pelo menos, assim o achávamos.

As traseiras foram o local escolhido para a escapatória, onde um canteiro impedia uma proximidade tão directa com a água. Saltando de abrigo em abrigo, atravessando correntes e rios que inundavam todo o recinto do Jardim Zoológico, conseguimos alcançar a saída para a estrada onde o caos estava à vista de todos. Havia pessoas agarradas aos portões para evitar atravessar a água, carros parados com as rodas cobertas pela água...

"Numa questão de minutos, a água entrou no restaurante como se fosse uma torrente. Nem tivemos tempo de trazer os telemóveis ou as malas. Foi uma grande aflição. Tínhamos a casa cheia de clientes. Velhos e crianças tiveram muita dificuldade em sair já com a água pela cintura. Agora foi pior do que em Fevereiro deste ano",

A chuva parou. Aquilo que durou pouco mais que uma hora tinha deixado a cidade de Lisboa num autêntico caos, que se via nos rostos vazios das pessoas que atravessavam as águas da cidade.

Uma calma fria e silenciosa pousou lentamente sobre Lisboa. Como se tudo tivesse sido lavado e a cidade tivesse ganho uma nova beleza.

Eis um vídeo com imagens chocantes e perturbadoras relativas ao dia da tempestade. Não o aconselho a pessoas com uma sensibilidade extrema sobre catástrofes...




Para informações mais a sério sobre este acontecimento, vão a esta página.

Guess

A MJNuts terá, com certeza, mais histórias para contar relativamente a esta tarde. Também ela se encontrava no Zoo, mas não estava com o grupo quando a tempestade começou. A nós só se juntou mais tarde.

8 comments:

Anonymous said...

LOLOL o video está bué fixe lololol parece mesmo uma coisa bué trágica tipo um trailer de um filme com bué acção e terror!E os desenhos são bué simples e "mal feitos" mas dizem tudo. ;)

Muito bom!

フィリパ said...

LOL o que eu ñ me ri agr...
smp tao dramatico andre! xDD
toda esta historia, como ja te tinha dito, SO poderia ter acontecido na tua festa de anos =PPP

lindissimo!

=) *

Anonymous said...

És mm drama queen xD

Anonymous said...

opah lol ri-me bué com isso, excelente!

Nia said...

Só me fez lembrar a noite do meu jantar de anos (já não me lembro se foi no próprio dia mas acho k não), k foi chuva non-stop a noite toda. foi, simplesmente, o dia em k mais xoveu no ano. Abril, águas mil, poix claru

Morcegos no Sótão said...

Adoro o uso dos advérbios e adjectivos melodramáticos!

Ao menos estavam todos juntos! E não me venham com tretas, porque sofreram bem menos que eu! Fiquei sozinha na ponta oposta à saída do Zoo e tive de andar a fugir de sítio abrigado em sítio abrigado! Até que fiquei presa no Vale dos Tigres e o Zoo já todo ele era água, aí olha, vale tudo. Saltei vedações, pendurei-me em grades, andei por cima de muros e bancos... E saí pelas portas giratórias à macaquinho porque aquilo estava alagado também.

Ai o escoamento zoológico...

MJNuts

Anonymous said...

Adorei a tua festa!!!!!!
Foi de facto memorável!!
Nunca axei tanta piada em andar debaixo se um dilúvio... se calhar é pork nunca tinha andado xD
Mas mesmo assim adorei!!

Linda :)

フィリパ said...

LOL
foste ao meu bolg =p
eu tomo cuidado!! o que sao tofoes em comparaçao com o diluvio no zoo
(da que pensar, o teu episodio teve o quê de biblico =p)

=)
*