Só uma nota rápida para dizer que amor não é, mas dói um bocadinho à mesma.
Sorrisos e olhares, muitas ilusões e uns quantos desejos rasgados que nem papel a cada nova descoberta.
É ver-te entrar com expectativa e ver-te sair com melancolia, na dúvida do quando será a próxima vez. É querer mais, mas ter medo desse querer, de o dizer. É não querer nada num momento e querer roubar-te no outro.
É variar de um extremo ao outro das disposições. É não ter paciência absolutamente nenhuma um dia e ser uma animação pegada no outro. É um mundo parvo que percorre toda a escala de parvoíces. É pensar às vezes e a maior parte do tempo tentar esquecer. É relembrar a pitadinha de ciúme. É estar lá, mas não sempre porque nunca se deve dar tudo.
Não é amor nem paixão é, mas dói à mesma. Resultado simples da equação formada pela parte de mim que se deixou revelar a alguém e pela variável que és tu...
MJNuts
E a Escrita?
1 year ago
10 comments:
“Dor não é diagnóstico, é sintoma.” Diria o House.
“Sentir ou não sentir.” Diria Hamlet.
”Penso logo sofro”, seria mais ao estilo daquele francês chato.
E o suíço do Rousseau iria logo atrás com a pureza do indivíduo. Mas o que é que interessa gente morta e fictícia?
Um melhor amigo teria algo de jeito para responder a isto. Um mais reles exemplar poderia apenas embrenhar-se em “déjà vu.”
Ok, findada a interpolação doida do costume… XD “Pensamentos” é uma legenda que encaixa perfeitamente neste excerto, que poderia ser escrito por qualquer um para qualquer um. É verdadeiro mas mesmo assim tiveste cuidado nalguma beleza lírica. Ao final parece que quase se sacrifica algo para manter a energia artística, por assim dizer, mas na verdade acaba por ser uma construção tão inteligente…
Adorei!! Acho q é dor mas tb paixão e amor e tudo misturado... tanto q no fim nem se sabe bem o q é.. só que existe e é real!
Descrição perfeita, a tua!;) Não se sabe muito bem o que é, é um conjunto de indefinições, de tudos e de nadas, mas a verdade é que no fim a única coisa que temos a certeza é que existe e está lá. =) Pra o bem e para o mal, enfim.lol
MJNuts
Agora perdi-me. Então não era nem amor nem paixão? Que era apenas dor, uma salganhada que era só dor? Foi esse o sentimento lírico com que fiquei... :/
Cada um interpreta como quiser. Tão simples quanto isso.
MJNuts
Ora bem, lá está. Mas pelo que parece há interpretações mais correctas que outras. Mas, isso é daquelas coisas fantásticas da escrita, não é? Quer dizer, escrevemos uma coisa, a mensagem diz uma coisa, uma pessoa lê uma coisa e visualiza uma coisa. E essas quatro coisas muito dificilmente são a mesma :D
Como eu já referi, este "Pensamento" está cheio de jogos inteligentes, mexendo - aos meus olhos e na minha humilde interpetração pessoal - com a supremacia da dor. A dor é simples. Toda a gente sabe quando está com dor... pode não saber porquê, exactamente mas sabes que *doi*. Por isso a dor e a angustia "fervem" na indefinição, acabando por reinar supremos face à salganhada das outras emoções. Depois a certa... "impotência" face à situação ou eventos do sujeito, parecem uma receita para mais dúvidas e remoer e remoer e remoer em pensamentos, até que tudo se perca em dúvidas e apenas a dor fique.
Já disse, é simples e complexo, um "Pensamento" de beleza triste. Mas o que mais me fascina nele, é a riqueza. Não sei como te ei de explicar... não é adimensional, nem parcial numa interpetração. Deixa-me remoer isto. O sujeito lírico centra-se nele, nos seus sentimentos. Mas ao contrário do que podia acontecer, fechar-se, culpar o mundo ou os objectos das suas maleitas, não. É o mundo, é ele, são os objectos. Tudo tem o seu papel, tudo tem o seu colectivo. A sério, é um efeito que eu achei muito, mas mesmo muito rico. Real, tocante, compreendes? Uma grande proeza, ainda mais tendo em conta o tamanho do artigo.
Parece-me que racionalizas excessivamente a coisa, transformando um punhado de soltas emocionais num objecto de análise poética/textual. Sujeito lírico? Objecto? Cada um vê as coisas como quer, mas esse modo de estudar as coisas é, a meu ver, o que te faz estar a anos-luz do que quer que seja que eu quis transmitir.
O artigo não é sequer sobre a dor que tanto escrutinas, é sobre um sentimento que não é amor nem paixão, é inferior a isso, é sobre a pessoa que o causou, é sobre essa mistura que existe e provoca a tal mágoa.
Bom, enfim, se viste isso tudo e gostaste à tua maneira, fico feliz.
MJNuts
Eu usei "sujeito lírico" e "objecto" para impedir a minha opinião pessoal e o que sento sobre o assunto de invadir a minha leitura. Sim, talvez ao fazer isso acabe a fazer algo que nunca deveria fazer nestes assuntos: racionalizar.
Juntando os textos às tuas respostas, reconhe é outro grande erro. É que embora concorde com os teus pontos de paixão, a minha visão do amor diverge completamente da tua. Percebi agora que quando tu dizes que "não há amor", significa algo completamente diferente do que eu associo a ausência de amor. Tu não tens propriamente uma "escala de afectos", mas a minha visão é bem menos estratificada, daí a minha confusão:
O sentimento pode ter sido apresentado certinho, direitinho, as suas coordenadas sentimentais bem definidas. Mas mesmo assim, li a dor como resultado dele estar indefinido. Um sintoma, não a "doença"... nada corta mais uma alma do que um sentimento perdido nos pauis da dúvida :(
Já dizia a meg... "Eu não sei se é amor..."
Serei o único a achar que mister D. agora disse tudo? XD É pura e simplesmente isso...
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