Wednesday, March 7, 2007

My Love Letter to Somebody

Só uma nota rápida para dizer que amor não é, mas dói um bocadinho à mesma.

Sorrisos e olhares, muitas ilusões e uns quantos desejos rasgados que nem papel a cada nova descoberta.

É ver-te entrar com expectativa e ver-te sair com melancolia, na dúvida do quando será a próxima vez. É querer mais, mas ter medo desse querer, de o dizer. É não querer nada num momento e querer roubar-te no outro.

É variar de um extremo ao outro das disposições. É não ter paciência absolutamente nenhuma um dia e ser uma animação pegada no outro. É um mundo parvo que percorre toda a escala de parvoíces. É pensar às vezes e a maior parte do tempo tentar esquecer. É relembrar a pitadinha de ciúme. É estar lá, mas não sempre porque nunca se deve dar tudo.

Não é amor nem paixão é, mas dói à mesma. Resultado simples da equação formada pela parte de mim que se deixou revelar a alguém e pela variável que és tu...

MJNuts

10 comments:

Ludovico M. Alves said...

“Dor não é diagnóstico, é sintoma.” Diria o House.

“Sentir ou não sentir.” Diria Hamlet.

”Penso logo sofro”, seria mais ao estilo daquele francês chato.

E o suíço do Rousseau iria logo atrás com a pureza do indivíduo. Mas o que é que interessa gente morta e fictícia?

Um melhor amigo teria algo de jeito para responder a isto. Um mais reles exemplar poderia apenas embrenhar-se em “déjà vu.”

Ok, findada a interpolação doida do costume… XD “Pensamentos” é uma legenda que encaixa perfeitamente neste excerto, que poderia ser escrito por qualquer um para qualquer um. É verdadeiro mas mesmo assim tiveste cuidado nalguma beleza lírica. Ao final parece que quase se sacrifica algo para manter a energia artística, por assim dizer, mas na verdade acaba por ser uma construção tão inteligente…

PP said...

Adorei!! Acho q é dor mas tb paixão e amor e tudo misturado... tanto q no fim nem se sabe bem o q é.. só que existe e é real!

Morcegos no Sótão said...

Descrição perfeita, a tua!;) Não se sabe muito bem o que é, é um conjunto de indefinições, de tudos e de nadas, mas a verdade é que no fim a única coisa que temos a certeza é que existe e está lá. =) Pra o bem e para o mal, enfim.lol

MJNuts

Ludovico M. Alves said...

Agora perdi-me. Então não era nem amor nem paixão? Que era apenas dor, uma salganhada que era só dor? Foi esse o sentimento lírico com que fiquei... :/

Morcegos no Sótão said...

Cada um interpreta como quiser. Tão simples quanto isso.

MJNuts

Ludovico M. Alves said...

Ora bem, lá está. Mas pelo que parece há interpretações mais correctas que outras. Mas, isso é daquelas coisas fantásticas da escrita, não é? Quer dizer, escrevemos uma coisa, a mensagem diz uma coisa, uma pessoa lê uma coisa e visualiza uma coisa. E essas quatro coisas muito dificilmente são a mesma :D

Como eu já referi, este "Pensamento" está cheio de jogos inteligentes, mexendo - aos meus olhos e na minha humilde interpetração pessoal - com a supremacia da dor. A dor é simples. Toda a gente sabe quando está com dor... pode não saber porquê, exactamente mas sabes que *doi*. Por isso a dor e a angustia "fervem" na indefinição, acabando por reinar supremos face à salganhada das outras emoções. Depois a certa... "impotência" face à situação ou eventos do sujeito, parecem uma receita para mais dúvidas e remoer e remoer e remoer em pensamentos, até que tudo se perca em dúvidas e apenas a dor fique.

Já disse, é simples e complexo, um "Pensamento" de beleza triste. Mas o que mais me fascina nele, é a riqueza. Não sei como te ei de explicar... não é adimensional, nem parcial numa interpetração. Deixa-me remoer isto. O sujeito lírico centra-se nele, nos seus sentimentos. Mas ao contrário do que podia acontecer, fechar-se, culpar o mundo ou os objectos das suas maleitas, não. É o mundo, é ele, são os objectos. Tudo tem o seu papel, tudo tem o seu colectivo. A sério, é um efeito que eu achei muito, mas mesmo muito rico. Real, tocante, compreendes? Uma grande proeza, ainda mais tendo em conta o tamanho do artigo.

Morcegos no Sótão said...

Parece-me que racionalizas excessivamente a coisa, transformando um punhado de soltas emocionais num objecto de análise poética/textual. Sujeito lírico? Objecto? Cada um vê as coisas como quer, mas esse modo de estudar as coisas é, a meu ver, o que te faz estar a anos-luz do que quer que seja que eu quis transmitir.

O artigo não é sequer sobre a dor que tanto escrutinas, é sobre um sentimento que não é amor nem paixão, é inferior a isso, é sobre a pessoa que o causou, é sobre essa mistura que existe e provoca a tal mágoa.

Bom, enfim, se viste isso tudo e gostaste à tua maneira, fico feliz.

MJNuts

Ludovico M. Alves said...

Eu usei "sujeito lírico" e "objecto" para impedir a minha opinião pessoal e o que sento sobre o assunto de invadir a minha leitura. Sim, talvez ao fazer isso acabe a fazer algo que nunca deveria fazer nestes assuntos: racionalizar.

Juntando os textos às tuas respostas, reconhe é outro grande erro. É que embora concorde com os teus pontos de paixão, a minha visão do amor diverge completamente da tua. Percebi agora que quando tu dizes que "não há amor", significa algo completamente diferente do que eu associo a ausência de amor. Tu não tens propriamente uma "escala de afectos", mas a minha visão é bem menos estratificada, daí a minha confusão:

O sentimento pode ter sido apresentado certinho, direitinho, as suas coordenadas sentimentais bem definidas. Mas mesmo assim, li a dor como resultado dele estar indefinido. Um sintoma, não a "doença"... nada corta mais uma alma do que um sentimento perdido nos pauis da dúvida :(

Duriel said...

Já dizia a meg... "Eu não sei se é amor..."

Ludovico M. Alves said...

Serei o único a achar que mister D. agora disse tudo? XD É pura e simplesmente isso...