Como prometido, aqui fica o resto do meu Top 10 de malta televisiva!
Relembro que os meus critérios são um buraco de falhas oficiosas, pois eu, além de não ter visto todas as séries que por aí há e ser muito grave não ter visto algumas dessas (como as já referidas
The Sopranos e
Six Feet Under), tenho uns gostos esquisitos.
On with the show...
5.
Temperance "Bones" Brennan de
Bones (2005-????) - a Bones de Emily Deschanel é um encanto de se ver. Para os olhos, porque a menina tem uns belíssimos olhos azuis num rosto de feições algo exóticas e invulgares, e para aquela parte irónico-racional que há em muitos de nós. Bem, pelo menos em mim há com certeza. Todo o elenco desta série é, aliás, uma lufada de ar fresco. O habitual em séries de polícias e investigações e afins seria que, num par de investigadores em que um é homem e outro é mulher, o homem fosse um bronco sem jeito para pessoas e com uma cultura geral no mínimo questionável. Em
Bones é ao contrário. Booth, o investigador homem, tenta a todo o custo evitar deixar Bones sozinha com as testumunhas ou os interrogados, ou vem bronca na certa. Bones é fria, analisa meticulosamente todas as emoções humanas, reduzindo-as a explicações científicas que vão de antropologia a biologia (porque ela odeia psicologia, segundo consta), tem uma certa dificuldade em estabelecer empatias e, bem, parte para a porrada se for caso disso. O que a torna ainda mais hilariante é a imensa cultura científica e sociológica que ela tem, em que se for preciso explica as raízes da música
kumbwoya (whatever that is, é para perceberem a ideia) do Cambodja, em detrimento da cultura popular. Nas raras ocasiões em que Bones percebe a referência popular, é delirante ver a alegria dela! Assim como é o máximo ver a expressão completamente
blank quando alguém manda a sua piadinha popular e ela diz, muito calmamente "I don't know what that means". É sempre bom ver uma personagem tão original e, numa altura em que há tantos magotes de séries policiais, o sucesso de Bones deve-se muito a esta antropóloga forense.
4.
Fox Mulder de
The X-Files (1993-2002) - poderia optar pela Scully, suponho. Eu pessoalmente até gosto mais da Scully, porque aquelas loucuras pseudo-proféticas e teorias da conspiração do Mulder pouco ou nada têm a ver comigo. Mas a verdade é que, quando penso em
The X-Files, a primeira coisa que me vem à cabeça é sempre um ou outro momento do célebre Agente Mulder. Era um homem real, com ideias que a muitos podem parecer despropositadas, tinha um passado traumático e, no fundo, muitas vezes, a ideia que transmitia é que era uma criança grande. Foi um marco nas séries televisivas, como os próprios
The X-Files, aliás. A equipa que formava com a Scully singrou de tal forma no imaginário das pessoas, que serão precisos muitos anos para surgir equipa melhor. Afinal, quando centenas de fãs ficam histéricos só porque o Mulder tocou na mão da Scully... Consta até que vêm daí as origens do shipping (uma tendência para o envolvimento emocional dos fãs com as relações amorosas que 2 personagens especificamente podem ou não estabelecer). Mulder era bonito, intenso e divertido de uma forma quase infantil. Perfeito amor para o público feminino. Eu não me queixo.
3.
Theodore "T-Bag" Bagwell de
Prison Break (2005-????) - uma escolha muito provavelmente controversa, mas é a vida. T-Bag é, na minha opinião, o melhor que
Prison Break tem para oferecer. O Scofield de Wentworth Miller tem demasiada inexpressividade física/facial para o meu gosto. T-Bag conquistou-me do início, do bolso com o forro de fora, à sexualidade latente, ao assédio aos
pretty boys, os
tweeners como ele cantava na sua perturbadora canção. É, em todo um conjunto de personagens fugidas da prisão, o único que é de facto criminoso, os outros são só pessoas simpáticas que, coitadas, cometeram UM errito (ou nem isso, né, Linc?). T-Bag é pedófilo e assassino. Gosta de meninos e meninas, mas os adultos não lhe caem mal. É fruto do incesto entre o seu pai e a irmã/mãe monglóide. Combinação perigosa, suponho, e o T-Bag é muito susceptível ao tema. Robert Knepper faz-nos acreditar que haja alguma bondade na sua personagem tão irresistivelmente horrenda em toda a
story-arc da Susan, uma mulher por quem ele se apaixonou a sério, mas que o denunciou à polícia quando descobriu a sua identidade. A sua inteligência maquiavélica, aliada ao sotaque, aos maneirismos, ao sentido de humor ácido são mais-valias para a série e para a minha opinião sobre a qualidade do personagem.
2.
Karen Walker de
Will&Grace (1998-2006) - esta mulher é, indiscutivelmente, uma das mais brilhantes personagens alguma vez criadas! Quem viu
Will&Grace, mesmo que fossem só alguns episódios soltos, se for questionado sobre a série, vai invariavelmente elogiar a Karen e exaltar o seu brilhantismo. A Karen é
genial, sem tirar nem pôr. Desde a vozinha estridente que é imagem de marca à ideia subtil de que ela, sabe Deus por obra de quem, vive há mais tempo e mais bem conservada do que o comum mortal. É alcóolica (conhece mais tipos de álcool do que eu já ouvi falar na vida!) e volta e meia o comprimido disto ou daquilo lá segue goela abaixo. Isto quando não está pedrada devido a substâncias ilícitas. É riquíssima devido ao casamento com o nunca visto (mas aparentemento obeso) Stan e a relação mais sólida que tinha antes de se misturar com o retso do gang através da Grace era com Rosario, a hilariante criada e imigrante ilegal. Apesar da sua natureza muitas vezes egoísta, sarcástica, das constantes gozações sobre a Grace estar feia ou mal vestida ou sobre a suposta falta de estilo de Will, Karen destaca-se por ser, ainda assim, o centro moral do grupo em muitas situações, particularmente no que toca a encaminhar a loucura e egocentrismo do Jack para algo mais produtivo. As velhas piadas com os
innuendos bissexuais também eram uma mais-valia na série, uma vez que a homossexualidade era muito mais amplamente abordada. No que toca a personagens femininas, Karen é rainha e senhora e não há muitas competidoras à altura.
1.
Gregory House de
House M.D. (2004-????) - não há dúvida que o House, magistralmente interpretado por Hugh Laurie num registo fora do seu habitual, é um dos personagens televisivos mais bem conseguidos de sempre. A verdade é que todas as pessoas que vêem esta série, vêem-na por este senhor. Há muitas séries das quais possamos dizer isso? Penso que não haja, para o bem e para o mal. De momento até me encontro algo zangado com o nosso doutor preferido, porque acho um desperdício o elenco ter mais 5 personagens que estão única e exclusivamente feitas para, através dos seus erros ou problemas, destacarem a figura do House como génio que ganha sempre e que no fim sai por cima, por maior que seja a encrenca (a story-arc do Tritter até soube a amargo por causa disto). Mas atritos à parte, este House de Laurie é do mais expressivo que há, na veia cómica e dramática, no
sex appeal e na loucura médica. As suas tiradas fabulosas, denominadas House-isms pelos fãs, são de se lhe tirar o chapéu e levante a mão quem nunca se riu com pelo menos uma! É um egocêntrico com a ideia (bastante certa no contexto da série) de que o Mundo gira à sua volta e age de acordo com isso. O coxear e a bengala, em vez de lhe tirarem o charme ou carisma, aumentam-nos exponencialmente e aquele andar pesado do corpo apoiado na bengala no lado da perna doente é já um clássico. Alie-se isso aos melhores momentos de ingestão de comprimidos da História da TV e temos personagem! Não há como House para tirar um Vicodin do frasquinho e o tomar em grande estilo. O facto de ser viciado num narcótico perigoso? Quem quer saber disso! A malta gosta dele é a ingerir uma média de 2 ou 3 comprimidos brancos por episódio! Apaixonante.
Outras personagens que merecem destaque: Julie Cooper
(The O.C.), Bree Van de Kamp
(Desperate Housewives), Sun Kwon
(Lost), Stewie Griffin
(Family Guy), Hiro Nakamura
(Heroes), Darnell
(My Name is Earl), Lil Rush
(Cold Case), Spike
(Buffy, The Vampire Slayer), Dana Scully
(The X-Files), Maxime Grey
(Judging Amy), Richard Fish
(Ally McBeal), Jack McFarland
(Will&Grace), Kosmo Kramer
(Seinfeld), Bette Porter (
The L Word), entre outros.
MJNuts (ultimate couch-potato)