Friday, October 12, 2007

Stardust

Conhecem Neil Gaiman? Se não, fazem mal. A minha moral para falar (neste caso, escrever) não é muita, pois dele só li o hilariante Bons Augúrios, a meias com o bastante peculiar Terry Pratchett. Mas estou familiarizada com o seu trabalho, da célebre BD The Sandman aos variadíssimos livros que envolvem as mais delirantes fantasias da nossa imaginação no quotidiano dos comuns mortais. Essa é a magia de Neil Gaiman. Há satíra, há humor, há desgraças e confusões. Mas tudo misturado num caldo tão... acolhedor que o nosso coração se enche de esperança e a alma de sorrisos.

Eis então que veio alguém e resolveu adaptar o seu romance fantástico Stardust ao grande ecrã. Realizado por Matthew Vaughn, o filme conta com uma galeria de actores bastante agradável. Pelo menos para os gostos aqui por estes lados. Bem, por mim bastava ter a Michelle Pfeiffer que eu já me mexia para ir ao cinema (*cof*Hairspray*cof*pavor*). Mas além da magnífica senhora aparentemente imune ao tempo, temos também Robert de Niro num papel invulgar para o seu habitual, Ricky Gervais numa curta mas divertida participação, Peter O'Toole representando o ancião que só ele consegue ser... E claro, as petites e bonitas madames Claire Danes e Sienna Miller. Um bocado parecidas uma com a outra, mas isso com certeza terão sido detalhes para baralhar o herói Tristan, com Charlie Cox a estrear-se no seu primeiro papel como protagonista.

Mas deixemo-nos de pormenores desinteressantes. Stardust é uma delícia. Pura delícia para quem gosta de sentir e ainda não foi completamente possuído pelo cinismo desta vida.

Tudo começa nessa bela vila de nome Wall, situada algures em Inglaterra. E Wall porque há um enorme muro a separá-la de um campo que se diria banal, apenas com uma brecha convenientemente grande para uma ou mais pessoas conseguirem passar. Um jovem de aspecto cromo chamado Dunstan, certa noite, lá conseguiu enganar o guardião da brecha, atrevessou o muro e deu consigo em Stormhold, uma cidade repleta de seres estranhos e mágicos.


Estão a ver esta bonita moça? Pois diz que parece que a irreverência de Dunstan lhe trouxe sorte por uma noite. Mas 9 meses depois, a sacana deixou-lhe uma prendinha à beira do muro.

E foi assim que nasceu Tristan. E cresceu para também ele se tornar um jovem de aspecto cromo. Apaixonadíssimo por uma sempre luminosa Sienna Miller, aqui a fazer de menina semi-rica, mimada e irritante.

Entretanto, em Stormhold assiste-se à passagem do legado de um rei às portas da morte aos seus filhos. Eram 7, só 4 estão vivos, mas os restantes 3 fantasmagoricamente assistem a tudo. Como com tanto filho vivo, segundo tradições familiares, nenhum é rei legítimo, o pai decide que quem apanhar o seu rubi é que será o próximo rei. Lança a pedrinha ao ar e... eis que a pedra voa para além da atmosfera e estratosfera e afins camadas protectoras, atinge uma estrela e a puxa até este humilde planeta. Os filhos do rei dão por ela, Tristan e a sua amada dão por ela, um inigualável trio de rainhas bruxas maravilhosamente velhas e raquíticas dá por ela. Assim é apresentada a nossa estrela cadente.

Ora bem, os filhos do rei precisam da estrela para saberem qual deles é o próximo rei. Tristan quer a estrela para provar o seu amor a Victoria. As bruxas querem a estrela para se alimentarem dela e ficarem jovens e belas outra vez.


"No star is safe in Stormhold."

E todos partem em busca da estrela. Tristan chega lá primeiro e é graças a ele que descobrimos que a estrela é uma rapariga loira e imberbe. Que, coitada, com a queda ficou muito mal da perna. Assim começa a longa jornada de Yvaine, a bela estrela, a tentar regressar em casa sem cair nas garras de tantos interesseiros.

O resto é história. E magia. E oh meu Deus, quero ver o filme outra vez! Faz rir e sorrir e faz-nos sentir bem!

A bruxa Michelle Pfeiffer, alimentando-se do poder da última estrela caída, fica jovem e bela, mas cada vez que faz um feitiço, ganha umas rugas ou uns quantos defeitos que agradeciam cirurgia plástica. Os filhos do rei vão-se matando uns aos outros e juntam-se aos irmãos mortos, formando uma plateia que não tem reacções muito diferentes das nossas enquanto espectadores. Tristan vai aturando a estrelinha mimada que muito lhe ensina com o passar do tempo.

Ah, e claro que há piratas voadores e negociantes de aspecto duvidoso. E há duelos e sequências vagamente musicais. Há um pouco de tudo, neste filme de encher o olho e a imaginação onde se nota, tão bem, a influência de Gaiman.

É, para mim, o melhor filme de fantasia desde os já-lá-vão-uns-anitos Lord of the Rings. E não, eu não considero o El Laberinto del Fauno um filme de fantasia. Pelo menos não no sentido tradicional do termo.

A não perder. A sério.

MJNuts

5 comments:

Maria Natália Pinto said...

Adorei este filme! Adorei MESMO!! Não o podia recomendar o suficiente, excelente desde o primeiro minuto! Li o fantástico livro de Neil Gaiman, e surpresa das surpresas, o filme não me decepcionou em nenhum aspecto! Impressionante.

Já agora, estou a ler o "Bons Augúrios"! Nem preciso de acrescentar que é simplesmente maravilhoso! (Neil Gaiman é espectacular, mas Terry Pratchett também tem muito que se lhe diga, estou a ler o "Guards! Guards!" e o humor do homem é realmente qualquer coisa de muito especial!)

Mia said...

Pah, fikei com ainda mais água na boca, poix escreves de uma forma distinta e refrescante... parabéns! Isto para além da água na boca que a bela Michelle Pfeiffer sempre causa, num é berdade?? ;)
Saudações, Mia

PP said...

E de novo apetece acreditar que no fim tudo acaba bem e que todos "viverão felizes para sempre"...
É um verdadeiro conto de fadas com bruxas e principes e muita magia! É delicioso e até o coração mais frio se deixa contagiar pela história e no fim deixamos a sala com um sorriso a pensar que às vezes sabe bem acreditar numa bela história de encantar...

Morcegos no Sótão said...

O Terry Pratchett é qualquer coisa de divinal. Jamais me vou esquecer do homem que começa um livro com o excelente parágrafo "He was nothing more than a comma on the page of History. It's sad, but that's all you can say about some people". :D Vais curtir o Bons Augúrios. =)

Não me considero fã da Michelle Pfeiffer, embora seja uma actriz que me faça considerar ver um filme que não tinha em mente (como o Hairspray, portanto). Por acaso, e não faço ideia como isto aconteceu, acho que é a actriz da qual já vi mais filmes. Gosto dela. :)

As belas histórias fazemo-las se quisermos... Depende muito de como olhamos a vida. Não podemos ter medo de ser felizes!xD

MJNuts

Anonymous said...

Ai, Maria!
Pões-me com vontade ir ver o filme outra vez! xD