Já muitas vezes tinha ouvido falar de Wong Kar Wai. E bem! Mas nunca tinha visto filmes dele. Mais vale tarde que nunca.
Começar por este In the Mood for Love (como é mais conhecido entre os cinéfilos de cá, o que é um bocado idiota já que o título original é chinês/mandarim/cantonês? de qualquer das formas) revelou-se uma excelente ideia.
Há algo de místico no cinema oriental. É um pouco estranho ouvir aquelas línguas das quais pouco ou nada percebemos e termos de confiar cegamente nas legendas. Aqueles sons esquisitos às vezes até dão a impressão que o sentimento é distorcido, que a actuação não é boa o suficiente.
Mas isso são questões de hábito. É o menos, é o irrelevante. E pela beleza que tem, o cinema oriental merecia muito maior destaque neste nosso Ocidente arrogante e desdenhoso.
Assim me chega aos olhos Disponível Para Amar, cerca de um mês depois de ter comprado um pack de DVD's do realizador. Não sabia para o que ia, apenas confiava que, se tanta gente diz maravilhas, é porque algum fundo de verdade há-de ter.
Que premissa tão simples! E que encantos se podem fazer com a simplicidade! Dois casais vão viver para o mesmo prédio, quartos (ou apartamentos?) no mesmo corredor. A mulher de Chow está sempre ausente, o marido de Chan nunca está em casa.
Conhecem-se. Simpatizam um com o outro. Começam a suspeitar da infidelidade dos cônjuges. Há ritmos lentos e troca de olhares. Há algo presente que cresce cada vez mais e se torna mais pesado... Uma força invisível que os une e os embaraça.
"Não seremos como eles."
É fascinante como há um amor tão palpável, tão presente. Como há uma tensão insuportável na forma como aquelas pessoas mal se tocam, apesar de o desejarem tanto.
E a cumplicidade cresce, mas aquela determinação em não serem como os esposos infiéis não dá lugar para mais nada. Só para sofrimento e lágrimas e partidas.
No entanto é amor, sempre presente. Ainda há histórias de amor.
Belíssimo. E doloroso. Real.
Agora tenho de ver o 2046.
MJNuts
E a Escrita?
1 year ago
8 comments:
Pois eu vi o 2046 quando esteve cá no cinema e devo dizer que apanhei muito pouco daquilo.
Normalmente costumo conseguir identificar quando um filme é demasiado "avançado" para mim, mas no 2046 sinceramente não consegui.
Depois tens de dar a tua opinião a explicar como foi.
Quanto ao Disponível para Amar, não me consigo recordar de o ter visto. Então, não o vi. Ou não me afectou.
Pronto, já sei o que não sabia, que um é a continuação do outro. :P
Lol Eu nunca vi o 2046, há quem diga que dá para vê-lo sem ter visto este antes. Mas acredito que certas coisas façam mais sentido tendo este em mente...
É questão de experimentares. ;)
MJNuts
Não sou fã de cinema oriental (é verdade, e culpo o ocidente arrogante e desdenhoso! :D) mas agora deixaste-me curiosa! Parece excelente! A ver se o procuro numa próxima oportunidade :)
O cinema oriental tem daquelas pérolas que nunca passariam pela cabeça de um humilde ocidental. Eu confesso que não vi tantos filmes orientais como isso, mas os poucos que vi deixaram marca. Battle Royale, dentro de um estilo mais sangrento (apesar da imensidão de mensagens filosóficas, pedagógicas, românticas...), também é fabuloso.
Aliás, dá para ter uma vaga ideia que o cinema do Oriente vale a pena quando se vêem os filmes de animação de lá. A Viagem de Chihiro foi assim o expoente máximo por estes lados. ;)
MJNuts
Despertaste o meu apetite! =D
Finalmente consegui ver o filme!!
Adorei! Os momentos em camara lenta, aquele local na rua junto a janela c grades, os olhares, os gestos e aquela "tensão insuportável na forma como aquelas pessoas mal se tocam, apesar de o desejarem tanto"...
E a musica! Mto bom!
Tb quero ver o 2046! Já o viste entretanto?
Ainda não vi o 2046, eu e a Marta andamos com horários incompatíveis!xD Mas a ver se te juntas à gente, então. =) Depois combina-se. ;)
MJNuts
Post a Comment