Monday, October 22, 2007

As Palavras Que Talvez Nunca te Venha a Dizer

Se eu soubesse falar, em vez de escrever, tinha de ir ter contigo e dizer-te o que não me sai da cabeça. Ou do coração.

Chamava-te para junto de mim e sossegava-te. Não te quero tocar nem roubar-te um beijo. Só quero que venhas comigo uns minutos e que me oiças. Não quero que tenhas medo de mim nem que penses que te estou a perseguir. Eu apenas sou o que sou e tenho de ver-te por mais que não queira. E não consigo deixar as coisas a pairar, sem me explicar. Preciso estupidamente que tudo esteja mais claro que água para não haver dúvidas.

Não fizeste nada de mal. Era a tua namorada, já me tinhas avisado do teu compromisso. Não faz mal. Só fez mal até eu descobrir que ela era de facto a tua namorada. E de repente todos me vieram falar e consolar e eu não os conhecia de lado nenhum. Diziam-me para erguer a cara e ir dançar, porque tu não vales nada. Disseram que eu estava a fim de uma pessoa que não queria nada comigo, para esquecer e seguir. Para ir beber qualquer coisa, mostrar que estava bem.

Porque não podia mostrar que estava mal? Porque tinha de fingir sentir-me bem quando me apetecia estar quieta a pensar, sem ouvir ninguém. Qual é o problema de ter ficado magoada? Sujeitei-me. Porque havias tu de não valer nada?

Queria que soubesses que não lhes liguei. Que até podes não valer nada, mas que eu ainda não descobri isso por mim. E portanto é com a minha opinião que vou ficar. E na minha opinião és interessante e tens valor, porque lidas constantemente com o degredo e manténs-te fiel aos teus princípios. Ou pelo menos passas essa impressão.

E eu posso parecer pita, é verdade. Tenho um ar mais jovem do que a minha idade. Dou-me com pessoas de todas as idades (é verdade, até bebés) e sei colocar-me ao nível de todas elas. Quando estou à vontade? Sou jovem e despreocupada e não quero saber se a sociedade exige que eu aja de acordo com a minha idade. Mas a verdade é que tenho os meus 21 anos e, quando se perde tempo suficiente a falar comigo, não são os 16 ou 17 que saltam cá para fora. São os 21 e o que sofri, o que aprendi, o que amadureci.

Mas sou emotiva, emocional. Não lido bem com o coração, não sei lidar. E reagir por instinto solta sempre aquela sensação de inocência, de ingenuidade.

Não me envergonho de ter ficado magoada e que tu tenhas reparado nisso. Envergonho-me de não me ter explicado. Envergonho-me da minha expressão triste na despedida e da tua expressão acabrunhada, como se te sentisses responsável por algo do qual não tens culpa.

Também não é preciso teres pena de mim, está bem? Acontece a toda a hora, todo o instante. Nem sempre os sentimentos são correspondidos e sortudos os que os vêem correspondidos. Sortudos os que os sentem, também.

Por isso foi bonito e intenso e um bocado inexplicável. Não faz muito sentido bater com tanta força, com tão pouco tempo de convívio. Apenas com olhares e conversas. O mal é meu, devo ter visto coisas onde elas não existiam. Mas não faz mal, foi bom assim.

Agora queria só estar aqui contigo, sem te tocar ou tentar o que quer que seja, olhar nos teus olhos e ver a tua reacção. E dizer-te que com mais tempo, tinha-me apaixonado por ti. E não sei porquê.


MJNuts

3 comments:

PP said...

Muito bom!!

Sincero, duro, muito humano, despretencioso com tudo aquilo q sentiste e pensaste... Nada mais há a acrescentar concordo com tudo o que disseste e da forma como o disseste..!

Mia said...

hey miuda :) postei... (heeeyyyaaa festa!!) :p

já disse, você é um espanto de eloquência :D
beijos
Mia

Maria Natália Pinto said...

Perfeito... Pena que nos faltem as palavras nos momentos em que mais precisamos delas, é frustrante quando mais tarde pensamos com clareza no que poderíamos ter dito. Mas mesmo que as tivéssemos proferido, será que mudavam alguma coisa? (Curariam ao menos o nosso orgulho ferido? :S)