Sunday, July 15, 2007

Manderlay

Após o grande impacto causado pela obra-prima que é Dogville, os fãs (ou, pelo menos, quem sabia que o filme fazia parte de uma trilogia) esperaram por saber qual seria agora o futuro controverso da virtuosa personagem Grace Margaret Mulligan. Confesso que estava ainda religiosamente à espera que o segundo filme da trilogia, intitulado Manderlay, chegasse às salas de cinema. No entanto, concluí a semana passada que tal não iria acontecer quando o encontrei à venda numa das prateleiras da Fnac (estamos assim tão nos confins do mundo?). Seja como for, eis o que interessa:

Ao que aparenta, Lars Von Trier ainda tem bastantes munições na sua arma. Apesar de ser mais acessível e menos abstracto que Dogville, Manderlay contém uma crítica dura e fria que está apta o suficiente para ir bem ao fundo do coração da América. Trata-se de uma pequena plantação situada em Alabama onde a escravatura e a opressão da raça negra ainda persiste notoriamente. Grace acredita ter poder suficiente para alterar a situação corrente, mas a verdade é que tornar uma civilização livre, quando esta nunca conheceu sequer o termo liberdade (metaforicamente falando) e geriu toda a sua vida de acordo com os padrões tradicionais da escravatura, não é pêra doce.

Grace Margaret Mulligan: There's nothing to be afraid of. We've taken all of the family's weapons.
Wilhelm: No. I'm afraid of what will happen now. I feel we ain't ready - for a completely new way of life. At Manderlay, we slaves take supper at seven. When do people take supper when they're free? We don't know these things.


Substituindo Nicole Kidman, Bryce Dallas Howard foi a escolhida para interpretar Grace, a protagonista. Devo confessar que estava com um certo receio de não conseguir ver a Grace em Bryce Dallas, mas a verdade é que a sua interpretação foi tão boa que nem sequer pensei nisso durante o filme.

Pesado e duro, Manderlay consegue levantar inúmeras questões sobre a condição humana que nos torcem a mente de uma forma perturbadora e inexplicável. Von Trier consegue mais uma vez criar aquele ambiente de estranheza, onde o espectador não consegue tomar um partido fixo ou arranjar uma resposta para algo que parece tão óbvio como o direito à liberdade.

Não querendo desiludir os fãs de Dogville, o filme apresenta, também, um final inesperado e impactuoso, embora, na minha opinião, não consiga igualar aquele espectáculo magnífico que é o fim do seu antecessor.


Um filme que vale mesmo a pena ver. Apenas têm que rezar para que o filme chegue ao vosso clube de vídeo.

Guess

4 comments:

Morcegos no Sótão said...

Bem, bem-vindo ao blog!=) Pena que o teu post venha copiado do Word e fique com efeito esquisito que eu não consigo mudar, mas isso é o menos e a partir de agora postas tudo directamente daqui e fica perfeito!xD

Que tenhas uma estadia recheada de Tretas!;)

MJNuts

PP said...

Epah logo um primeiro post que queria comentar mas que não domino..
Quis ver o dogville umas qts vezes cheguei a ver partes do filme, o inicio, mas nunca o filme completo..
A ver se agora nas férias lá consigo ver o filme e já agora este segundo q como deves imaginar não fazia ideia q existia..

O comentário era mesmo só pra dizer que fiquei feliz pela "nova aquisição" e que vou passando por aqui agora tb pra ler aquilo q tens pra contar ;)

Anonymous said...

o Dogville é uma obra-prima cinematográfica. Espectacular mesmo.
É sem dúvida o meu filme preferido.
Tens que ver. É um bocado parado e pesado, mas no fim a experiência é realmente potente =)

Depois, se quiseres, posso emprestar-te o Manderlay ;)

Muito obrigado pelas boas-vindas!

Anonymous said...

concordo com tudo!!! Dogville é absolutamente expectacular, Manderlay também está bastante bom, mas... ha um je ne'sais quoi que falta ali. O final, no meu ponto de vista, é o que os separa: um faz a obra-prima, outro o exelente filme. Dogville tem o fim que, o no fundo, qualquer ser humano quereria. Manderlay... foi sem duvida alguma inesperado!! Mas gostei na mm!!
vamos la ver o que vem a seguir!

Filipa L.