Saturday, July 14, 2007

The L Word

"This is the way, it's the way that we live... and love."

Ora bem... Já há um bom par de anos que eu ouvia falar desta série, tenho uma amiga que é grande fã. Mas, apesar de ter visto um ou outro episódio para lhe fazer a vontade de perceber minimamente do que ela estava falar, nunca me cativou. Tenho um complexo qualquer e regra geral não gosto de ver filmes/séries só com homens ou só com mulheres. Ou só com gays ou mexicanos ou o que seja (excepção feita aos orientais). Não gosto de ver os mundinhos isolados, gosto de ver tudo misturado. Homens com mulheres e gays e pretos e tudo ao molho, diversidade é o que se quer!

Certa noite, apanhei nesse belo canal que é a Foxlife um episódio de The L Word em que uma moça era largada no altar por outra moça. O que eu achei delirante! Aproveitando a onda de ter de estar em casa a estudar e já ter esgotado o meu stock de séries a ver, resolvi dar uma oportunidade à história de um grupo de amigas lésbicas de L.A. Como vim a descobrir, a modos que o ser lésbica é o menos que ali se passa.

Achei o episódio piloto um monumental tédio. Não conhecemos as personagens de lado nenhum e é um bocado pesado levar com mais de 1.30h de pessoas desconhecidas a levar uma vida que nos é estranha.

Mas é como tudo o que tem potencial de ser bom, grande. Primeiro estranha-se, depois entranha-se. Passados uns 3 ou 4 episódios, deixamos de ver mulheres enroladas com outras mulheres. Passamos a ver pessoas, tão simples quanto isso. Pessoas essas que sentem tudo igual, fazem os mesmos erros, têm os mesmos pensamentos, apenas optaram por uma outra vida, um estilo que a sociedade muitas vezes põe à margem.

"Sexuality is fluid. Whether you're gay or straight, you just go with the flow."

Os temas são muitos, claro. Da homossexualidade à dificuldade em sair do armário. Da discriminação à aceitação. A fluidez da sexualidade, a importância de ter amigos, quem nos apoie. O amor e a vida e o crescimento e as dores e as traições. Os enredos do costume, já mais que vistos, nas mãos de um grupo de mulheres com as vidas entrelaçadas (como bem demonstra o Chart da Alice).

Não interessa a orientação sexual que se tem, qualquer rapariga se sente identificada nas cenas do grupo de amigas. As conversas, as piadas, as pequenas intimidades, as chatices e alegrias. Nisso, The L Word vai directa ao coração feminino. Os corações masculinos, bem, calculo que vejam por outros motivos.

Há a Alice, a jornalista bissexual, responsável pelo famoso Chart que é bastante importante na série. E a Dana Fairbanks, uma tenista com dificuldades em sair do armário, que é uma fofura e é impossível não gostar dela. Temos a Shane, aquele ser meio andrógino por quem meio mundo se sente atraído. A Jenny, que basicamente é louca, mas tem a sua piada (mesmo que tenha dado um desgosto ao Tim, o homem mais adorável de sempre). A Kit, a única heterossexual do grupo, que é uma porreira. E a Marina, que é um mulherão daqueles de deixar todo e qualquer ser humano de queixo caído. Isto na 1ª temporada, porque as personagens vão entrando e saindo.

Mas a cereja no topo do bolo tem de ser, definitivamente, a Bette e a Tina. Começam a série como casal que já está junto há 7 anos, a querer engravidar. A Bette assume-se como alpha femme, a Tina é mais low-profile. Eu ligo-me muito a casais quando vejo séries (a minha tendência para o shipping é conhecida e gozada entre os meus amigos), mas a Bette com a Tina são um casal diferente. Como se saísse do ecrã, como se fosse... real. Os argumentistas deram-lhes um rol de problemas intermináveis, de abortos espontâneos a traições, passando por pais preconceituosos e gente a interferir e atrapalhar por todo o lado. Mas é fascinante como se nota sempre que há um amor imenso a ligar aquelas duas mulheres. Como dói cada facadinha e como é tão intensamente agradecido cada bocadinho de paz, de reconciliação. Excelente trabalho de Jennifer Beals, suponho (a Bette), a quem cabe o papel mais difícil do casal, mas também da Laurel Holloman, porque a Tina... Pah, a Tina tem o tacto, doçura e subtileza que os poetas costumavam usar para descrever a sua Mulher-Anjo ou Mulher Ideal ou o que fosse. Não é questão de serem duas mulheres ou de serem bonitas ou de ficarem bem juntas... A questão é simplesmente que nunca, em série nenhuma, em livro algum, em qualquer filme, tinha visto um casal que encaixasse tão bem, como se fosse tão natural, como se fosse o destino. Um casal, não apenas que entretém, mas que transmite esperança na vida e no amor apesar de todos os conflitos. E isso é dar muito, é aquecer as pessoas por dentro.

Mas eu só vi 2 temporadas e sei que muita desgraça para elas (e para as outras!) vem a caminho. Lá terei que aguentar os desgostos, como se não me bastassem já os que estas 2 seasons deram, enfim...

A série, além de um enredo que prende pelo coração, tem das melhores bandas sonoras que por aí há em termos televisivos (a par de The O.C.). Ainda tem um brilhante genérico inicial, usado só a partir da 2ª temporada, com uma canção especialmente criada para o efeito e todas as personagens em situações que dariam belas fotos artísticas.



Não deixa de ser curioso, o título da série. A malta pensa em The L Word e automaticamente a ideia que lhes ocorre é lésbicas. Mas é fascinante o universo de palavras começadas por L na língua inglesa, todas elas enraizadas na nossa natureza humana. Life, love, light, loss, lust, longing...

"People have all kinds of feelings. It doesn't mean that we are supposed to act on them."

MJNuts

6 comments:

Anonymous said...

Hesitei durante cerca de 40 minutos em ler este post! xD

A forma de como falaste da série de facto captivou-me.

Acho que deveria dar então a merecida oportunidade :P

Mas, claro, só a darei quando tiver realmente que estudar xD

Morcegos no Sótão said...

Por acaso acho que falei muito mal. Tudo o que escrevi fica aquém do que poderia ser dito, suponho que estava desinspirada... Mas sim, é uma série que mexe com o coração, faz sentir aquelas emoções mais básicas, as do costume. Tristeza, ternura, alegria, compaixão... Tipo Futurama. ;) Regra geral, a malta limita-se a ficar entretida. Ou ansiosa e curiosa, como em Lost!xD

MJNuts

Anonymous said...

Ah finalmente um post sobre L Word no blog!:P (e a primeira vez que deixo um comentário neste espaço creio! XD)
Foi preciso a série chegar à 4a season para lhe dares a devida oportunidade! Tsc tsc! Mas ainda bem que deste. :P Ao menos agora já tenho alguém com quem falar dela, visto que era a única que a seguia afincadamente desde a sua estreia nos states.
Gostei do post, mas sinceramente estava à espera que falasses um pouco mais das personagens! A Jenny é mais que uma louca, a Shane é mais que um ser andrógino que atrai meio mundo (por exemplo a sua dificuldade com os relacionamentos e de se agarrar a uma pessoa) e a Alice é mais que a pessoa responsável pelo Chart! Então e ser responsável por alguns dos momentos mais hilariantes da série não conta? E não esquecer que é uma fofura também! Mas inda bem que nem falaste na Carmen, porque essa não faz mesmo falta!:P
No entanto gostei bastante de como descreveste o amor da Bette e Tina!=) É que é mesmo isso que escreveste, passa para fora do ecrã e aquece-nos o coração, mesmo depois de assistirmos a tudo pelo que passam. É engraçado que, mesmo ao fim de 4 seasons e quando se chega a detestar mesmo a tina (no meu caso) , quando volta a acontecer uma reaproximação daquelas duas faz-nos esquecer de tudo e só desejar que elas possam ficar juntas no final!
Os momentos hilariantes, tristes, comoventes, doces, fofos, sexys, tensos ou mesmo irritantes, estúpidos e depressivos que este grupo de amigas nos proporciona é do melhor que há!
Ainda bem que agora compreendes a minha paixão pela série!:)

P.S.- Coitado do André que agora desespera toda a vez que falamos da série! Será que lhe vai mesmo dar uma oportunidade?:P

Morcegos no Sótão said...

Pois, o post está longe de ser perfeito... Dado o amor que tenho à série e o carinho que ganhei pelas personagens, isto devia ser um post muito melhor. Mas a modos que o Tretas não é um blog sobre L Word e se fosse a dizer tudo o que poderia dizer... Nunca mais saíamos daqui. =P

Acabei por achar melhor dar uma descrição geral das personagens que nos são apresentadas na 1ª temporada (nem falei da Helena e gosto tanto dela!) e dar um pouco mais de ênfase ao que acaba por ser, na minha opinião, o cerne de L Word, por muito que a gente goste da Shane ou da Jenny ou da Alice. E esse cerne é a relação da Bette e da Tina ou as relações delas com as amigas ou com outras pessoas. Foram elas que deram uma rede de segurança a uma série que, inicialmente, não sabia bem a quantas andava. Mexer com elas da maneira estúpida e horrível que as produtoras fazem é um risco perigoso e parece-me bastante seguro dizer que fã nenhum gosta de ver tal coisa... Mas pronto, as produtoras lá sabem. Depois não se queixem.

Pode ser que mais tarde eu volte a publicitar L Word e depois logo me dizes o que achas. ;)

MJNuts

P.S.- E acho que já tinhas comentado no blog pelo menos 2 vezes!

Anonymous said...

Oh Não!!!!
Também aqui??
Vocês e esse maldito assunto perseguem-me!!!

Anonymous said...

Ou... TLW.. Essa série é apaixonante, e a conheci quando uma ex namorada me apresentou e desde então acompanho baixando na net. Já está na 5ª temporada e a Bette e Tina... pelo jeito.. voltaram nessa temporada.

Está ainda mais apaixonante.