Monday, July 12, 2010

Sem remédio?

Se eu soubesse que a vida era isto tinha respeitosamente recusado. Como as pessoas alérgicas ao marisco.

Segundo a Paula Bobone, é extremamente simplório e vulgar recusarmo-nos a comer algo, só porque nos será, com toda a certeza, fatal, se nos for oferecido pelo anfitrião. A vida, como todos sabemos, tem uma elevada taxa de mortalidade. Coma sempre um pouco é o conselho apresentado. Não quer fazer desfeita. E assim fazemos todos, A gula toma conta das nossa débeis essências e dá nisto. A vida é claramente uma coisa desagradável, razão pela qual é à partida uma experiência de tempo limitado. É uma dor com prazo de validade. Se fosse bom alguém já tinha inventado uma maneira de a tornar permanente.

Não faço ideia do que estou a falar. Nunca faço. Ninguém parece notar. Ou notam? Seria de esperar que, por esta altura, alguém já tivesse reparado que eu falo muito mais do que faço. Falar parece ser o dom que me foi confiado e ainda assim, a maior parte dos dias, tenho sérias dúvidas. Tenho sérias dúvidas se me foi confiado qualquer dom à partida. Quando me ofereceram vida e eu, parva, não recusei respeitosamente.
Ora aqui temos, um ciclo completo. Lógica inabalável.


"E é sempre a mesma mágoa, o mesmo tédio,
A mesma angústia funda, sem remédio,
Andando atrás de mim, sem me largar!"

In Sem remédio, Florbela Espanca

"Now we're from
How come I got stuck in a hole
I won't quit
Won't close
Just got out of control

Now I need to stop 4
Now I need to stop 4 a minute
I think that I've been lost here before
I think I need to stop 4 a minute
I see footprints coming out from the floor"

In Stop 4 a Minute, David Fonseca

Lili, a hibernar em Londres. How fancy of me.

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