Friday, June 18, 2010

Adeus, Lost

Lost, se não estou em erro, acabou dia 23 de Maio. Espero que esta seja a última vez que falo sobre este assunto neste blog.

Já passou quase um mês desde que a série que segui, semana após semana, durante CINCO anos (porque só a comecei a ver quando a 2ª temporada estava no ar), acabou daquela forma tão gritantemente estupidificante. Como se personagem quase nenhum importasse, como se poucos ou nenhuns se conseguissem soltar daquele emaranhado de caos com um mínimo de resolução. Como se de repente os mistérios já não importassem, porque "a série sempre foi sobre os personagens". Ah sim? Então porque mal os reconheci nesta última temporada? O Sawyer que já não servia para nada. O Locke que já não era o Locke. O Sayid que estava pseudo-possuído. A Claire que passou a ser a Rousseau. O Ben que passou de psicopata a coninhas. Mas já falei sobre isso, não é?

O que quero dizer é que já passou quase um mês desde que o meu olhar incrédulo pousou sobre aquele horrível final, a fechar umas 5ª e 6ª temporadas fraquíssimas... E ainda me dói. Como me custa lembrar do quanto eu adorava aquela série. O quanto ela significava para mim. O quanto me liguei àqueles personagens (com a que se veio revelar infeliz excepção daquele mentecapto do Jack).

É ridículo, mas pelos vistos é possível apegarmo-nos a um pedaço de ficção. É possível criar uma ligação emocional com uma obra fictícia, que nada tem de real (e, no caso, muitas vezes nem de realista). Mas eu apeguei-me e nem sei porquê.

E agora que Lost se foi, não sei que fazer a este manto de desilusão que se instalou sobre mim. Não sei como resolver o facto de esta última temporada, em particular aquele desfecho, ter anulado as maravilhas intelectuais e emocionais que as quatro primeiras temporadas me trouxeram. Como é suposto eu ir ver a perfeição artística e humana que foi a season 1 sabendo que tudo vai dar àquilo? Não consigo. Talvez daqui a muitos anos.


O que eu não dava para ter gostado daquele final... Mas a minha racionalidade não me permite dar valor às despedidas emotivas atiradas a torto e a direito na nossa direcção, em detrimento da falta de sentido crassa de tudo aquilo. Sinto-me enganada. Ainda me sinto enganada.

E isto não sabe nada bem.

Como disse a Fish, num magnífico review que aconselho:


"It turns out it's not really much fun to hate on something that you once loved. It feels terrible actually."


É horrível. E ninguém parece entender-me.

MJNuts

5 comments:

Pintas nos Olhos said...

Á medida que o tempo passa, tenho vindo a ter mais pontos de concordância contigo. Embora continue a achar as mesmas coisas.

Percebo perfeitamente e tua posição e não deixa de ter sentido. Ainda não li o review da Fish, porque sei que vai falar mal e como sabes não lido nada bem com alguém a falar mal de Lost lol por mais razão que tenha.

Não revi o último episódio como estaria à espera de o fazer. Não me chama, mesmo tendo gostado. Não me chama talvez porque saiba que ao vê-lo de novo vou gostar menos dele, e assim preservo aquela primeira impressão com que fiquei. Há alturas em que dá jeito enganarmo-nos a nós mesmos.

Mas hei de o ler. Gostei da frase que puseste aí. E sim as personagens mantiveram-se naquela confusão, faltou "mínimo de resolução" (para o Sawyer então). Acho que a tiveram lá no limbo, mas compreendo que essa não seja o local onde se esperava que o víssemos acontecer.

Dora said...

Ainda lá tenho o link que me deste mas ainda não o li porque ando a ver se esta poeira do Lost acalma...

Morcegos no Sótão said...

Não revejas o episódio, Twin, é melhor. Porque o principal motivo porque tu gostaste e tanta gente gostou daquele final foi precisamente a emoção, a força da despedida de personagens que nos acompanharam durante anos e fases da nossa vida.

Eu não consegui, mas muita gente foi capaz de abster-se do seu lado racional e entregar-se de coração ao que estava a ver e aí foi bom, porque o último episódio foi um espelho do episódio piloto, reviram-se tantos bons momentos... Há muito de bonito ali, souberam minimamente apelar ao coração dos espectadores. Mas a mim não me chega.

Revendo o episódio, aquela crueza da reacção primária já não vai existir, porque já sabes o que se passa. E aí vais-te aperceber do quão aquém do que deveria ter sido o final foi. Por isso mais vale não reveres...

MJNuts

André Pereira said...

Bah Maria :P
Não gostaste foi do meu post!

Beatrix Kiddo said...

comigo passa-se o mesmo. Decidi ver a série toda, foi um acto de coragem, perdi tempo com aquilo (que não foi tempo perdido) mas agora a 6ª série está a ser um esforço. vejo só para não ficar ali a morrer na praia. sempre odiei o Jack desde o início, de resto era perfeita a série (e é, até um certo ponto de viragem que não me lembro onde foi)

vê Carnivale, é muito boa