Como tal, fiquei com a pulga atrás da orelha quando ouvi falar que J.J. Abrams (criador de Lost) era o produtor de um mega-projecto cinematográfico que durante imenso tempo foi um hype cibernético do qual nem o nome se sabia.
Portanto, esse projecto é mesmo este Cloverfield. Que à partida eu diria que não tem nadinha de especial. Mas tem. Quer-se dizer, se vos dissessem que vinha aí mais um filme sobre uma qualquer catástrofe ou uns quaisquer monstrinhos a invadir New York (porquê sempre New York?), o que é que vocês fariam? Encolhiam os ombros, à espera de mais do mesmo.
Porém, Cloverfield é algo de estrondoso. Baseado, e inteligentemente, na ideia de que se, hoje em dia, alguma mega catástrofe acontecesse, alguém com certeza a estaria a filmar para depois pôr o vídeo no YouTube ou onde seja, o filme segue um grupo de amigos que começou numa festa de despedida e acabou... bem, acabou nas ruas da amargura nova-iorquinas a fugir de algo e à procura dos elementos entretanto perdidos.
Cloverfield ganha muito com isso. O facto de ser um americano bronco e chato a filmar o que está a acontecer que nem um palerma, aquela sensação intimista de home-made, os tremeliques da câmara, os ângulos manhosos, as pessoas realmente badalhocas... O espectador fica de facto a pertencer àquela realidade, liga-se aos eventos como se deles fizesse parte. O que sem dúvida permite emoções muito mais intensas na hora de apanhar sustos ou de ficar triste ou o que seja.
Não sou nada de filmes-catástrofe, não gosto de filmes de acção, mas este valeu bem o preço do bilhete. E das pipocas. E do Ice Tea.
Vão ver que entretenimento puro melhor que este é difícil de conseguir.
MJNuts